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| (Foto: Arte Afro) |
A escritora brasileira Carolina Maria de Jesus teve sua vida marcada pelas dificuldades. Nasceu em 1914, na cidade de Sacramento, em Minas Gerais. Neta de escravos e filha de uma analfabeta, cresceu e se mudou para São Paulo, onde trabalhou como catadora de papelão e como empregada doméstica. Teve três filhos, a qual lutava para alimentá-los. Em meio a tantos conflitos, Carolina utilizava a escrita como válvula de escape, escrevendo em vários diários sobre seu dia a dia na favela do Canindé, localizada na Zona Norte de São Paulo. Logo, esse diário se tornaria em seu primeiro livro, "Quarto de Despejo", graças ao jornalista Audálio Dantas, que conheceu em 1958.
Depois de várias rejeições por conta dos erros de português, em 1960 o livro "Quarto de Despejo" foi finalmente publicado e se tornou um sucesso nacional. Nele, Carolina abordava assuntos polêmicos como a fome, a miséria, a desigualdade social, o racismo e a violência das ruas. Seu sucesso foi associado ao jornalista que a ajudou, provando uma de suas críticas: uma mulher negra, mãe solteira e com baixo nível de escolaridade não poderia escrever um livro, no ponto de vista da sociedade.
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| Carolina Maria de Jesus com seu primeiro livro "Quarto de Despejo" (Foto: Divulgação) |
Duas das características predominantes no texto é o uso da informalidade e do "pretoguês", como sua filha Vera Eunice de Jesus descreve. O termo citado anteriormente faz menção aos "erros" de gramática presentes no livro, como no exemplo abaixo:
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| Trecho do dia 19 de julho |
Com a prosperidade de seu primeiro livro, Carolina conseguiu sair das favelas, mas não conseguiu escapar da pobreza. Chegou a escrever outros livros nos anos seguintes, como "Casa de Alvenaria", "Pedaços de Fome" e "Provérbios", mas, estes não obtiveram tanta repercussão. Esquecida pela sociedade e pela imprensa, a escritora morreu num pequeno sítio em São Paulo, em 13 de fevereiro de 1977.Algumas homenagens
No fim de 2021, Carolina foi homenageada com a exposição "Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros", exposta no Instituito Moreira Sales (IMS), na Avenida Paulista, ocupando dois andares do edifício. A exposição teve uma duração de seis meses (25 set. 2021 - 27 mar. 2022), mas, pode ser visualizado no site da IMS Paulista: Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros (disponível no final do site, na área "tour virtual da exposição").
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| Exposição de Carolina na IMS Paulista (Fotos: Maria Clara Villas; Cecília Bastos; Arquivo Nacional/ Correio da Manhã, respectivamente) |
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"...O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora."
(Foto: Ádima Macena) |
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| "As vêzes eu ia ao espêlho, fitava o meu rôsto negro e os meus dentes nivios. Achava o meu rôsto bonito! A minha côr preta, e ficava alegre de ser preta, pensava o melhor presente que Deus deu-me, a minha pele escura." (Foto: Ádima Macena) |
Em 2022, a escritora também recebeu homenagens da escola de samba Colorado do Brás com o enredo "Carolina - A Cinderela Negra do Canindé" e da cidade de Perelheiros, ao construir uma estátua.
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| Carro alegórico homenageando Carolina Maria de Jesus (Foto: Roverna Rosa - Agência Brasil) |
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| Estátua de Carolina Maria de Jesus em Perelheiros (Foto: Beatriz de Oliveira) |
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| (Foto: Beatriz de Oliveira) |
Por que Carolina Maria de Jesus ainda faz sucesso na atualidade?
Carolina é considerada por muitos uma escritora atual, devido à abordagem de assuntos importantes, como a realidade de quem vive nas favelas na sociedade contemporânea. Por essa razão, sua obra é atemporal e muito utilizada em argumentos sobre a falta de iniciativa dos governos em questão da educação, da segurança e do bem-estar da população.
*Esta postagem contém baseamentos dos sites: G1, Português, IMS Paulista, 34ª Bienal de São Paulo, Liberal, Nós e do livro "Quarto de Despejo".
Rafaela T. Návia
Recentemente eu li um livro dela e ela é extremamente talentosa!! Pena que muitas pessoas não conhecem as obras dela
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